sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A menina, a maçã e o cachorro.

Todos haviam viajado, e fiquei só com o cachorro. Nessa casa tão grande, no meio dessa noite chuvosa, senti um certo medo. Medo de escorregar e bater com a cabeça no chão, medo de coisas possíveis e também fantasiosas. Decidi comer uma maçã para me distrair, mas o caminho até a cozinha parecida longo demais. Perigoso eu ficar sozinha com minha imaginação, sou capaz de me assustar com tanta facilidade! Decidi levar o cão comigo, e meu deus! Como é bom ter uma companhia nessas horas! Ter um cachorro é ter a sensação constante de presença!


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Dia de Golconda.

O que eu senti hoje, é pra ser guardado num potinho de porcelana, daqueles que a gente só vê na casa da avó.
Hoje eu descobri (de verdade) que o corpo também expressa a alma. Que quando se tem muita alegria, transborda-se. Juro que quero aprender a me conter em mim. Mas hoje não foi possível. Hoje eu chovi como o homem de Golconda. Chovi sob a cidade e sobre mim.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sobre sensibilidade e vida.

O amor dos pais é incondicional, porque aceita-se um filho em qualquer condição humana. 

Eu sei disso porque meus pais já viram o pior de mim, na minha parte egoísta e ingrata. Partes que eu tenho vergonha de possuir, mas que me comprovam filha legítima da raça humana. Mas também tenho outras partes que não me foram ensinadas ou impostas. Minha sensibilidade, por exemplo, apesar de me fazer perceber um mundo menos raso e mais intenso, me tem um peso enorme. Fico muito em carne viva, e muitas vezes, sinto que morro por uns instantes. O que eu realmente gostaria, era de ter o poder de escolher em volts a intensidade da carga a ser sentida em determinadas situações.

Ah! Mas como há coisas a sentir na vida!

E vou me fazendo assim, entre erros e acertos, horror e maravilhas de mim. Aprender a viver é ao mesmo tempo o fim e a redenção.  Eu tenho certeza de que ainda estou crua,  recém chegada no mundo, com meus inúteis 22 anos, mesmo que as vezes me sinta a dona de alguma verdade. Eu ainda não sou gente completa. Ainda tenho uma grande parte indefinida, ignorante e inumana.  

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Acasomomentanismo.

Acho que estou precisando ser mais delicada com a vida.
Dar uma chance de acreditar nas coincidências inesperadas, e de valorizar o momento sutil de uma descoberta.
Fui tomada por uma vontade de sentir, de novo.  

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Abstraindo a vontade.

No cair daquela noite de feriado, forcei uma tentativa de sair  com meus amigos.

Estava cansada, exausta, com preguiça da rotina jovem do rio. E fui mesmo assim, contra meu instinto físico.

Ficamos na fila durante duas horas. Faltava pouco mais de meia hora para conseguirmos entrar na boate, quando tive vergonha do meu desejo de desisitir tão perto da porta. Eu sabia que o momento de abandonar a fila tinha ficado para trás. E nos mantivemos ali, naquele monobloco de gente, aguardando uma autorização para abstrair da vida. Finalmente entrei na boate, mas deixei toda a minha vontade do lado de fora.  Estava num circo de horror, numa casa de espelhos distorcidos, porque para cada lugar que eu olhava, via os mesmos reflexos. Havia tanta gente parecida com suas camisetas xadrez, seus drinks  coloridos, suas expressões sínicas nos olhos, forçando uma falsa bebedeira e nos seus dialetos da moda.

Vi mulheres tão vulgares, desesperadas para esquecerem de sí. Esqueceram também da graça de se ser mulher.

Percebi nos olhos dos homens, um desejo físico de encontrar a mulher mais fora de si para abordar. Como um homem pode desejar uma mulher assim? Quem esta inconsciente de si, está inconsciente  de tudo. Qual a graça de só entrar? De não conquistar?

Se passaram 10 minutos, e decidi pagar para evitar a fila da saída. Percebi  então que estava fazendo estudo de campo. As pessoas se tornaram animais a serem estudados em seu habitat natural de libido. Comecei a me divertir.

Reparei bem no jogo de sedução entre um fêmea de um bando, e um macho de outro. Ela fez o primeiro sinal, com muita discrição.  Era o inicio de um ritual sexual. Olhava fixo para o macho, e se remexia como se ele já a estivesse tocando. Ele começou a se aproximar, lentamente. E quando foi dar o bote e abordar a jovem fêmea, levou um fora humilhante, de um tamanho que não lhe cabia. A fêmea saiu as gargalhadas, como o riso debochado de uma hiena abraçada nas amiguinhas do bando.

Percebi que as coisas  estavam fora do lugar. Eu estava fora do lugar, e desejei ser tirada dali, mas por algum motivo, me senti fixada no chão, como se tivesse a obrigação de fazer parte daquilo.  Não fiz.

O que fiz foi tentar me projetar  em qualquer outro lugar, e fechei os olhos com força para dançar. Mas num feixe de luz forte, não resisti a curiosidade e abri, e vi a realidade da minha noite. Não quis me despedir de ninguém. Fui embora aliviada, por encontrar a minha vontade me esperando do lado de fora.

 

 

 

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Sustento.

Existe uma diferença sutil entre o que é desejo nosso e o que é desejo imposto de quem nos quer bem.  

Assim como a farsa de um fumante. Ele não percebe mais o que é desejo próprio e o que é necessidade imposta pela nicotina.

É preciso perceber e sustentar as vezes, que o que se quer não é o que outros esperam que a gente queira.

sábado, 26 de setembro de 2009

ôh lá em casa..



Vou perder qualquer humildade pra dizer que tenho uma vista de derreter os olhos.. mas é!
Na minha casa venta sempre, porque ficamos protegidos pelo frescor da mata, e pelos braços do cristo.
A lagoa é o espelho, da onde vejo o reflexo azul do céu. Não há nuvem alguma e o sol esquenta o suficiente. Meu cachorro late para os pássaros com seus voôs rasantes pela cobertura convertida em playgroud.
Eu fico deitada nesse sofá branco coberto de almofadas, e leio o livro mais delicioso dos tempos.
Nada me falta, nada me excede e de vez em quando fecho os olhos pra sentir com absoluta concentração a brisa que me envolve. Eu existo mesmo. Fui descoberta pela natureza, e ela me conhece por inteira. 
Me faz companhia nas noites de insônia, e nessa manhã de sábado. Vem minha amiga, e me faz sentir a vida!



sábado, 19 de setembro de 2009

Boa noite.

hoje fui tomada por uma silenciosa calmaria. O dia começou nublado, e por entre as nuvens, foi surgindo um sol embaçado e tímido.
Me senti envolta nesse morno matinal, que meu deu uma paz interior por todo o dia.
Agora vou me deitar, com os olhos já descansados, e esperar o sonho que vier.
Boa noite.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Espaçamento.

Hoje tentei fugir da minha sombra, e por um momento, tive a impressão de ter conseguido.
Estou precisando de espaço físico e mental, porque quando vejo um ponto muito de perto, não percebo o seu contorno ou entorno. Quero ver qual a forma que estou tomando na vida. Quero ver a forma que a vida está tomando pra mim. 

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Meu poeta.

você com esse teu ar de poeta
romântico a moda antiga
pinta de artista

você que me ganhou de graça
sem esforço e sem batalha

Que me recria e retalha
me fascina e me cala

fez de mim o seu desdém
me tornando sua refém

me liberta meu bem, 
e vem ser meu também!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Merthiolate.


Ontem fui tentar montar numa bicicleta torta com o banco altíssimo, e antes mesmo de sair do lugar, levei o tombo mais lindo da história.
Hoje eu percebi que sentia falta dessa sensação de estar com o joelho ralado.
O que já me foi uma dor na infância, hoje me tem gosto de saudade. Saudade dessa ardência de quem faz arte e se arrisca com a maior ingenuidade possível. Saudade de não ter noção de espaço, e nem vergonha de usar band aid nos locais mais visíveis do corpo. Cada arranhão era uma prova física de uma descoberta da vida, e a cada descoberta realizada, me distanciava sem saber, da minha infância.
Hoje me lembrei da criança que já fui um dia, e hoje o merthiolate mudou de fórmula.
Arde muito menos, infelizmente.

domingo, 30 de agosto de 2009

Domingueira!


Esse domingo levantou com gostinho de delícia!
Solzinho com o vento mais refrescante da vida, céu azul piscina com três nuvens tímidas no horizonte.
Dia de andar de bicicleta na lagoa, e beber uma água de côco direto do casco, nada de garrafinha industrializada do Zona Sul.



domingo, 23 de agosto de 2009

VERGONHA.

MEU DEUS.
Dado Dolabella foi o vencedor do reality show A Fazenda e ganhou um milhão de reais. 
Agora é oficial: não duvido de mais nada que envolva meu país.
Alou, Sarney, ele também é parente teu?

Quanta vergonha.

sábado, 22 de agosto de 2009

Adoção.

Ela estava sentindo um vazio espaçoso, que inundava seu corpo. Junto dele, vinha uma dor rígida como um tumor localizado na alma. 
Ela parou de reagir. Ficou morta por um tempo, e só no colo de sua mãe, encontrava uma posição confortável para viver. 
Mas ela não vivia, e sobrevivia com enorme dificuldade. Era tanto contraste com os tempos de infância, meu deus! 
Quando ela sentia uma mínima preguiça de viver, ia ao encontro da mãe, e como o alçar vôo delicado de um inseto, sentia qualquer angústia fugida pra longe daquele encontro. Mas hoje não. Hoje nem o útero externo de sua mãe, aquele colo quente e receptivo conseguia isolar a moça sofrida de suas dores.
Tudo passou a se tornar insuportável. 
A vida vista da janela de casa lhe era fatal. O telefone tocando, mostrando a ela que pessoas se procuravam naquele momento, o cachorro latindo para qualquer movimento no corredor do prédio, e o próprio prédio em sí! Como a irritava! Era um objeto imóvel, feito de concreto e vigas, que tinha mais vida que ela; e sua mãe, coitada. Tudo que ela fazia soava como farpas no ouvido. Foi quando A recém mulher percebeu que culpava sua mãe por tudo. Porque foi ela quem permitiu e desejou seu nascimento no mundo, a parindo. Com essa autorização, a posicionou nesse lugar em que ela se encontrava. Sua própria mãe a traiu. Dava na infância uma vida dirigida, então enganosa para a filha. E agora a colocava no meio da savana da vida, correndo todos os riscos de um pequeno animal indefeso. 
– Solta minha mão de mãe, e vá com o alçar do inseto, minha filha querida. Você agora vai ser parto do mundo. Ele é tua verdadeira mãe.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Folha nova.

Hoje a tarde, andando pelas ruas do Jardim Botânico, percebi uma cidade em transição.
Ví pequenos tornados de folhas secas, que avisavam da mudança de estação.
O vento vinha forte na direção de tudo. Varria para todos os lados, os resquícios de uma vida passada. As árvores que ainda carregam algumas poucas folhas amareladas, estarão nuas pela manhã, toda esquelética, aguardando um novo nascimento de sí.
Cobras devem estar trocando de pele nesse exato momento, e ursos saindo do período de hibernação.
Enquanto isso fico aqui, ansiosa, aguardando e procurando minha evolução.
Porque o mundo não pára nem espera, e ele já está!

sábado, 8 de agosto de 2009

Introspectiva.

Hoje me deu vontade de não ter nada a dizer, sem precisar opinar ou defender.
Vontade de só estar, sem tentar  ser.
Preguiça de interagir. 
Vou ficar de espectadora, e assistir. 
Quero ficar de fora, me excluir.
Criar meu próprio castigo, me punir.

amanhã volto a me incluir, mas hoje a noite, deixe o meu ruir.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Cidade noturna.



recorta, cola, erra, descola, recola, olha, entende, para.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Direcional.

É divertido ser descoberto e descobrir. 
hoje conheci um taxista que veio de Maceió, no seu segundo dia de trabalho.
O coitado estava perdido na cidade como criança enlouquecida na Disney.
Estava tenso, desastrado, e inseguro até o dedão do pé. Tinha cara de que já havia escutado um bocado de passageiros marrentos e apressados, esses do Rio. Me contou também, que no dia anterior pediu informação para outro colega de profissão, e este, com a malícia de um lobo, indicou o caminho longo e errado do seu destino.
Eu disse, com toda a calma que me cabia na hora: fique calmo moço, eu te ensino o caminho.
e fomos indo, os dois, cuidadosos e solidários pelas ruas da cidade. Eu com minha tolerância, e ele com seu esforço. Como cenografia, uma forte cortina d'água cobriu toda frente do carro, com a chuva que caía de pressa e impiedosa na tarde de hoje. e eu insisti: Fique traquilo, eu conheço o caminho.E fui explicando, rua por rua, bairro por bairro. Só sei que o que fiz foi muito pequeno em relação ao tamanho da gratidão que ele me deu. me cobrou até menos do que havia dado no taxímetro.

as vezes se permitir ouvir a indicação vinda de alguem pode ser de enorme ajuda e gratidão.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Nascimento.

Na sessão de análise de hoje:

– Acho que descobri o que é!  é que estou me parindo de mim! 
(risos)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Se lembra?

Acordar todo dia é uma nova chance de viver.
Viver todo dia é uma nova chance de acordar.


eu escrevi isso a muito tempo atrás, e meu deus! 
..como eu era esperta!

Olha você, o que descobri.

Você não se importa tanto como gostaria, porque você acha que já me tem de qualquer jeito. Mas olha você, que estou aprendendo a viver. Dessa forma dolorida e inchada, eu aprendo mais um segredo do mundo. Eu posso escolher. Isso me cabe, e talvez eu não escolha o que você já espera que eu faça. Agora eu quero escolher. E esse é o meu segredo. Eu descobri, sim.

terça-feira, 14 de julho de 2009

A calma do amanhã.

Esta difícil ser. Não quero mais me compartilhar . Me peguei com lagrimas da tarde, e elas escorriam porque eu esta só. Inclusive de mim. Eu estava só, numa tarde, e nem tinha nem a mim mesmo. Eu me deixei, por algum momento, e cansei de ser isso que venho sendo. Estou atrasando a vida do meu outro eu, que quer descobrir o que quer. Eu fico parada, deixo passar o tempo, deixo perder a carona, deixo de chegar na hora, deixo de andar. Eu me deixo e paro pra ver as coisas evoluindo em volta de mim. Eu não. Eu só vou ficando menor, em relação a todo o resto. Uma parte de dentro quer errar, quer arriscar, quer experimentar fazer algo, inclusive feio. A parte que eu mais escuto não me deixa correr o risco de errar, parece que seria humilhação demais pra ela. Fique onde esta! Aonde pensa que vai com essa curiosidade? Você vai errar, e todo mundo vai ver. Vc vai fazer feio, e o feio não é o belo. Não tenha esperanças de ser algo que você admira, menina. Se ponha em seu devido lugar. Você é insuficiente pro mundo.

Eu não quero ser desnecessária. Viver sem necessidade, é viver a morte. E eu tenho tanto medo de morrer.

Mas calma, menina. Calma que você tem toda a vida pela frente.voce tem o amanha, e o que vem é o tudo. É o que você quiser.

sábado, 11 de julho de 2009

Dancing day.

Algo me falta, algo que cismo buscar em outros, por muitos lugares. Uma falta consistente e espaçosa. Talvez eu esteja a procura de algo que falta em mim. Estou me sentindo toda torta, fora de encaixe. Não encaixo no mundo, não encaixo em mim. Como se fosse um quadrado que tivesse que passar por uma área que só abriga um retângulo. Impossível.

Sou uma figura impossível, e quase que desacredito na minha existência. Eu me retirei por um momento ainda que dentro, desse mundo. Não consigo estipular um valor pra mim. Nem o mínimo que valho, e assim vou me matando no mundo. Sou uma pessoa com uma ambição tão vaga, que não tenho ambição alguma. Uma pessoa que não estipula um lugar a se chegar, é uma pessoa que não vai a lugar algum. E quem não vai, pára, morre.

Ah, quer saber?  Hoje eu vou sair pra dançar.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Carne e unha.

Quebrei minha unha num lugar frágil, no limite da carne. 
E é exatamente assim que me sinto. Estou exposta, e indefinida. Minha rigidez foi quebrada, e me vejo desprotegida e sem consistência.
A sensação que dá, nova e única de se estar tão a mostra, se parece com a angústia.
Não é de dor nem prazer, mas de uma agonia sutíl. 
Agora só me resta suportar o tempo, e ver aos poucos, minha parte sólida se fortalecer.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Eu e o talento dos outros.

Meu deus, hoje me foi um dia de um vazio intenso.
Como eu gostaria de ter a habilidade de pintar! 
Colocar em cores e formas, todo e qualquer sentimento.
Que vontade desesperada de chorar. É tão angustiante querer, e não conseguir me expressar, sinto como se fosse morrer de tanto sentimento guardado em mim. Preciso aprender a escorrer. 
Acho que assim, suportaria com mais facilidade, o tédio e todo o resto.
Me vejo cercada de quadros e livros, e são tantos os talentos dos outros. Onde cabe o meu próprio?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Bicho-gente.

As vezes eu esqueço que sou gente, e quando isso acontece, eu escolho ser um bicho qualquer que me convenha.
Por exemplo. Outro dia não consegui dormir, e fui pegar friagem na varanda. Como moro perto- quase- dentro de floresta, escuto muito o barulho do mato.
Escuto os soluços dos grilos, e o canto das cigarras. tem vezes em que quero ser o galo que grita, de madrugada. Ele não consegue dormir, por isso tenta despertar todo mundo pra dividir sua insônia. Pobre galo solitário, que é sempre acusado de ser chato. 
Ficamos nós dois, compartilhando da parte incômoda de nossas espécies.

domingo, 28 de junho de 2009

Aprendendo a viver.

Acho que quem não sabe lidar com timidez, sou eu.

Fico nessa tentativa desesperada de evitar um silêncio, que as vezes nem é constrangedor. Tento falar, ocupar o ar com sons e palavras,  em vez de suportar o instante em que se ficam as falas mudas, que se dão por olhares  e articulação desconecta e sem intenção, como a subida de uma mão ao rosto, ou um copo que vai a boca.

O terror vem justamente quando percebo e finalmente escuto as coisas que estou dizendo e não devia, as revelações que faço das minhas incertezas e pondo fim a qualquer mistério.

O mistério de uma mulher é algo difícil de se alcançar. É que para ser misteriosa, é preciso suportar a não revelação. E um de meus grandes ofícios, é  o de revelar-me. As pessoas costumam dizer que eu sou exatamente o que passo na primeira impressão.

Acho que vem da infância, época de colégio. Quando antes mesmo de eu ter o direito de escolher quem queria vir a me tornar, já estava sendo definida pelo que os outros pensavam de mim. E como isso me matava um pouco! Devo ter  decidido em algum momento, essa espécie de contrato vitalício com a vida, de jamais ser feita pelo que o outro deseja, alem do que realmente sou, posso e quero ser.

Acontece que agora eu já sei de mim. O que ainda falta aprender são esses pequenos limites que ninguém impõe, mas todo mundo sabe da sua existência.

Mas acho que é assim mesmo, me colocando nessas situações em que corro o risco de ser ridícula, e de ficar deslocada dentro de mim, que aprendo a viver.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

The time is running out

Preciso parar de gostar de quem nao gosta de mim, procurar as coisas que nao sei onde guardei  e querer todas as coisas que nao posso ter.

chega de tanto tempo perdido. 

Falando em tempo perdido..
estou percebendo que o fato de eu nao saber exatamente o que fazer da minha vida, nao me dá o direito de atrasar o tempo. ele continua, com a velocidade que lhe cabe, e nada pode mudar isso.
A angustia vem, justamente por perceber que ele nao espera a gente, e fico aqui,  perdida nesse tempo todo meu.  Acabo sempre olhando para o relógio dos outros. Parece que todos estão andando junto com os ponteiros, um passo logo atrás do outro, enquanto que eu me vejo assim, parada no tempo. 
As vezes acompanho um ou outro segundo, mas nao duro nem um minuto.
Um dia eu ainda aprendo a correr na velocidade que é, viver.

domingo, 31 de maio de 2009

MEU.

Não quero depender de ninguem para ter fé.
Quero suportar a minha vida, comigo, e com minhas decisões. Ter minhas dúvidas, e buscar as minhas respostas. Ir no cinema, ler um livro, caminhar, e perceber os meus sentidos.
Quero desvendar minha critivade, e me formar. Espero ser feliz na minha profissao, mas para isso eu preciso descobrir o que me atrai. Vontade de me sentir absoluta, quero-me por inteira.

sábado, 25 de abril de 2009

Dor e Prazer.

Minhas lágrimas transbordaram dos meus olhos porque não cabiam mais em mim.
Quando a dor é maior do que a nossa tolêrancia a ela, precisamos escorrer. É assim com o prazer também. Curioso como dois opostos se comportam da mesma maneira.

Doce desabafo.

Acabei de ter o choro mais doce da minha vida. 
No começo, eu pensei que fossem lágrimas de crocodilo, mas elas continuaram correndo pelo meu rosto. Eu só me dei conta que estavam ali de fato, quando abri a boca para suspirar, e senti um gosto salgado em contato com a língua. Pensei um pouco, e em silêncio percebi da onde essas gotas de desabafo vieram.  Foi muito sutil e discreto.


sábado, 28 de março de 2009

Meu consciente inconsciente.

Quero dominar a arte de me prevenir contra meus próprios buracos e tropeços.

os íntimos.

Existem falsas intimidades, que são as vazias ou momentâneas. 
Tambem existem as intimidades íntimas de verdade.
quero um íntimo por inteiro. É desgastante brincar de verdades.

sábado, 21 de março de 2009

por entre os dedos.

as vezes escorre, as vezes fica.
é assim que é.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Viagem.

Vivi por vinte dias uma simulaçao de realidade.
Viajei, comi, andei e bebi de partes de um mundo que não me pertencia.
Conheci pessoas e lugares que desconhecia, e agora estou de volta para o meu mundo que me aguardava.
Ocorre um choque entre o que tive temporariamente, e o que tenho definitivamente.
É rapido e simples. Um dia estou em paris, no dia seguinte estou no rio.
Sinto o prazer do reecontro com a tristeza da perda. E a vida vai assim, cheia de perdas e ganhos.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A desordem do processo.

Já vivi antes, e pretendo viver alguns anos depois.
Não suporto a certeza do não saber, e gostaria de garantir uma vida com alegrias, mais isso a gente faz pouco a pouco, com um pé atrás do outro.
Quero reconciliações, que é o encontro perfeito, e também brigas, que é a contestação.
Quero tudo que me cabe. Quero o não querer também, que é a escolha. Quero as superações e os medos, e sentir, o tempo todo. Tenho uma angústia de parar de sentir. O não sentir é a morte. Já morri algumas vezes nessa vida, então suponho que é possivel vive-la também.
Pesamentos me correm, rápidos e aleatórios, e estou aqui, depois de uma noite mal dormida pondo tudo pra fora. Há algum sentido na minha desordem, e isso me acalma.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Viagens!

Nesse exato momento, estou na sala de computação tentando evitar as expectativas que já estão chegando.. quero que quarta feira seja o AGORA nesse instante.
Toda véspera de viagem me ocorre a mesma rotina.
A insônia evidente, o embrulho estomacal, a ansiedade neurótica, e a tranquilidade nescessária.
estou indo jajá, mas tenho outras vontades por aqui. Estar no Rio, nesse exato momento, tambem me está sendo uma viajem interessante.
E a rotina sentimental, parecida.
delícia de 09!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Universo particular.

Nessa noite de lua e sombra, troco o tudo com o mundo, pelo nada com você.
Ficamos assim, deitados na varanda, debaixo da lua, no nosso universo particular.
Está abafado, e o vento vem quente em torno de nós dois. Mas não importa, porque não temos hora ou os outros. Não há faltas ou dívidas.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Mãe.

Acho que é por tanto amor, que nos enfrentamos tanto.
O carinho é incalculável, a mágoa também. Apesar de fatal, é temporária.
Meu deus, como cabe amor desesperado, em mim.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Transbordei.

Reconheço, mereci cair. Estava muito alta, distante do que se tem e se é de fato.
Fui duvidar da minha natureza, me sentindo controlada e estável, e era óbvio que o copo só estava enchendo d'água.
É que esses segundos antes de transbordar são muito tentadores.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Bg.

É o corpo apoiado no poste já exausto, e a garrafa que estoura debaixo do pneu.
Os cigarros, as bebidas, tudo desnecessáriamente necessário.
Tantas poses, vitrine.
São vultos, alguns parecidos, outros se destacam, mas todos impenetráveis.
Em meio a confusão, acontece de achar um rosto familiar, e derrepente, você não se percebe mais em lugar incomum.
Ficamos todos comuns, e completamente desconectados.
Um lugar sem música, sem cadeira, sem compromisso com nada e mais ninguem.
E volta e meia me pego, apoiada num poste no Bg, exausta, sem compromisso, e desconectada.
Lugar facinante, de uma forma insana.

(insanindade é a palavra da semana)
A loucura ou insânia é uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados "anormais" pela sociedade.
Algumas visões sobre loucura defendem que o sujeito não está doente da mente, mas pode simplesmente ser uma maneira diferente de ser julgado pela sociedade.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Boa noite.

Amanha volto a me cuidar, por essa noite, deixa eu pegar friagem na cobertura, nessa noite escura.
Deixa que eu coma uma uva azeda no jantar, dentre tantas doces.
Quero ver um filme de terror, para ver como estamos superficialmente distintos da insanindade.
Vou telefonar tarde, e te desejar uma noite confortavelmente solitária. Que a sua companhia nao seja um fardo, e sim um presente de sí.
Quero te ver logo, mas por hoje nao.
hoje quero sentir a saudade latejante. Quero te sentir em pulso firme e angustiado.
Deixa que o amanha venha.
até amanhã, minha agradável surpresa.
um beijo.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Doismilenove.

Mais um ano que se vai, e um novo que chega.
Nao, este ano nao farei promessas que eventualmente nao cumprirei como todas as vezes, esse ano, nao haverá o risco de correr riscos.
Viver, em sí, já vai ser a grande aventura.
E esse ano tenho expectativas de nao criar expectativas, e de nao controlar as surpresas que aparecerem. Esse ano, quero sentir, e nao questionar.
Vou me abrir para os dias de 2009, e deixar o tempo correr com a velocidade que lhe cabe, sem pressa, e sem muita calma.
vou esperar pelas músicas que vao chegar nos meus ouvidos, pelos passeios que farei nos dias de sol e vento, pelas personalidades que encontrarei pela cidade, pelo prazer de superar os medos, pelos filmes que assistirei, e pelo recente prazer descoberto, de me fazer companhia.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Composição humana.

Somos feitos de tentativa e erro, todo dia, e a todo instante. Não se pode querer só acertar. Quem se força a isso, esta condenado a uma vida de infelicidade profunda.
Sou o que se vê como desleixada, enrolada, atrasada. E sou tudo isso, por causa da minha busca histérica á minha perfeição. Vivo me arranhando na vida.
É não aceitando o erro que ensina, mas sim o acerto nunca tentado, saber o novo antes mesmo, já sendo velho.