quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Verão interno.

Tenho sentido um calor que nao vem de fora, nem dos outros. É todo meu, e me sufoca como estar no fundo de uma pscina, já sem ar nos pulmões.
Bate aquele desespero incontrolável de chegar à superfície, rápido e por inteira. E nao tem água no mundo que me controle!
Arde de tao quente, e me dá vontade de me revirar.
Normalente aparece quando estou ansiosa pra começar ou acabar alguma coisa.
Esse meu inpulso desenfreado de ser gente, e sentir, o tempo todo, me irrita.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ar novo.

Vontade de me emocionar. De reconhecer a beleza das coisas.
Sentir que uma brisa de verão, quente e rápida, é um sinal de mudança.
Sopra e leva pra longe, o que já me pertenceu ou o que já me foi um dia. Quero respirar esse ar novo que circula por todo meu corpo, e me dá outra postura no mundo.
Momento de purificação interna e externa.
É só ter calma, fechar os olhos, e puxar com toda a força que me cabe, o máximo que ainda me resta de coragem. Pronto. novos ares no meu pulmão ainda, cheio de vida.
Sou pulmão, coração, sangue e carne, tudo junto e misturado ao mesmo tempo.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Insônia Crônica.

Mais uma noite sem fechar os olhos e aceitar o dia passar.
Fico nessa luta diária e inutil contra o tempo que nao para nunca.
Digo para todos que funciono melhor a noite, e que me agrada a lua, a brisa e os barulhos do mato de bichos soltos pela segurança da noite que chega.
sou uma janela que brilha acesa, no deitar da cidade. Tudo calmo e silencioso do lado de fora.
Só fica eu, apoiada nessa janela que pertence a essa casa, a mil por hora. Tudo acontece dentro de mim, como se o calor do dia fosse energia que recarreguei pra suprir a falta de luz que fica no escuro.

Seres FDP.

achei esse texto perdido nos meus arquivos.. nao é o sentimento de hoje não, mas achei verdadeiro em outros dias passados e futuros.

Seres filhos da puta

As vezes o ser humano tem uma capacidade incontrolável de ser filho da puta.
Eu inclusive, algumas tantas vezes nessa vida, sem intenção consciente, fiz de mim uma boa fdp. Chamamos isso de egoísmo.
Porque é mais fácil ser egoísta do que solidário? Porque na realidade, só fazemos as escolhas com expectativa inconsciente em prol de nós mesmos?
Porque é difícil abrir mão do meu, pro teu?
Esses dogmas que tentamos seguir em nossa vidas diárias, fazem de nós eternos hipócritas. No fundo, somos seres solitários.
Usamos uns aos outros, trabalhamos sempre pra alguém, flertamos com aquele cara, dançamos a musica daquele artista, projeções e mais projeções no OUTRO, do que fazemos, na realidade, pra nós mesmos.
Assumir que se é um filho da puta, é uma arte e uma maldição. Porque apartir do momento em que se percebe, ou se é percebido dessa forma, você começa a tomar decisões que vão sustentar essa imagem, e que passa a te definir.
Somos tão influenciáveis, que ate mesmo o que nos faz mal e nos maltrata, nos aprisiona. Como o vicio.
Quanta filha da putagem geral.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Tarja preta.

Não sei dar nome ao que estou sentindo hoje.
Não sei como lidar ou reagir. É uma mistura de sentimentos e novidade.
porque algo que devia ser bom pra mim me confunde tanto?
Achei que era pra ser confortavel e seguro. Estou pior do que quando perdida.
Caos emocional. Coquetel forte esse, e o pior, é que nao é de todo mal.
Alguem me lê a bula? Não sei a dosagem nem os efeitos colaterais.

Só devemos sentir medo das coisas irreversíveis. O resto só assusta.
..e o susto, passa.

Amizade.

Não basta querer ter. É preciso cuidar.


sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Novidade.

Hoje me dei a liberdade de dominar minha vida. Nada de destino traçado, nada forçado. Apenas escolhas e resultados.
De repente nao era mais ingênua ou impotente. De repente era o cavalo, a sela e a guia.
Hoje acertei inclusive, nos meus erros.
Parei por uma noite inteira a nao ter medo do mundo.
Parei de me sentir desprotegida como uma menininha na cidade.
Hoje a cidade foi toda minha.
Junto dela me veio o vento rasgante, o beijo roubado e a fumaça do cigarro.
Tudo estava no seu e no meu devido lugar.
É preciso tentar.
De repente viver nao é tao difícil, tao rígido como parece.

Tentativas de ser.

Sinto que as vezes sou movida pelo medo.
Como se este fosse pessoa física, que literalmente me empurasse pelas costas.
Medo de me definir e nao encontrar, medo de não ser.
É preciso parar de tentar para ser-se.
Somos o tempo todo, tentativas.

normal estranho dia de hoje.

Hoje nao é tempo de fugir e de esquecer.
Hoje é tempo de encarar, reconhecer e suportar.
Hoje me sinto bem mulher, complexa, confusa, encaminhada.
Perdidamente encontrada. Dentro do meu caos, me reconheço.
Hoje nao me sou estranha, sou humanamente caótica, naturalmente neurótica.
Hoje, as falhas nao sao insuportáveis.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Vício.

Vícios para suprir a falta que faz. Faltas que muitas vezes nao devem e nao podem ser substituídas por nada. Doce maldita ilusão.
Assim como o tédio é inegável, a tristeza, ansiedade, dúvida, exitação são todas grandes verdades.
Não se pode querer evitar o inévitável. Não se deve querer questionar todas as coisas. Precisamos parar de tentar escapar.
Acho que existe limite de dor e de felicidade. Nada é tao definitivo como tendemos pensar.
Tem quem pense que nao, e cai profundamente na farsa do vício, que é temporário, as vezes levam uma vida inteira. Mas o que sao alguns poucos anos na vida infeliz de alguem?
no geral, o que ele faz realmente por voce?
te tira a noção do tempo. Justo quando se decide parar e recuperar, nao se tem mais tempo.
te deixa impotente, sem controle, sem saúde.
o vício é morte lenta e aceita pela sociedade. é a fuga dos que nao suportam as verdades da realidade.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

geometrizando


Apesar do mundo redondo

ainda temos uma cabeça quadrada

habitamos retângulos que chamamos de casa

nos alimentamos de cone da classe média - alta


buscamos sempre o que nao é nosso

sustentamos triângulos amorosos


tentamos de tudo para não sair da reta

mas acabamos em círculos que não nos leva a nada

nesse mundo enquadrado que não nos permite forma

só um esquema de curvas e linhas

friamente calculadas e analisadas

geometrizando o tudo e o nada

salva só está a nossa alma

que não pode ser geometrizada.





coffe break.

Conversando com o coordenador da faculdade:
-Eaí Tróia, como vamos?
-Vamos bem, e você?
-Bem também.
-Não não, você mariana, está muito bem!
-É?? mas eu to super enrrolada na faculdade, coisas pendentes, trabalhos incompletos..
-É! Mas você nao está mais histérica. você está muito bem.
-Ah, que bom intao..

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

De repente condenado.

Existe uma mãe. Existe um filho.
Agora, o que acontece para que a ordem dos fatores se mantenha assim, e que exista entre eles, uma relação hierárquica, é o grande barato.
Vamos lá, um filho. SEU filho.
Um joelhinho feipa* que sai de dentro de voce. (De dentro, mesmo)
Ai ele cresce como um filhote de hamster. Sem muitos pêlos, sem muito corpo..e de repente ele cresce ao ponto de te perguntar sobre os fatos da vida. Digo dos fatos básicos mesmo. Porque o ceu é azul, porque 1+1=2, porque ele tem que comer legume, uma cacetada de porquês.
E aí a gente protege ele de coisas que serao inevitaveis no futuro nao tao distante, com a certeza de preservar uma juventude sadia. entao esse tempo passa, e ele entra nos temas:trabalho, sexo, drogas, e rock'in roll entre outros. Okei, acabou-se a inocência. e de repente, ele nao se sente mais confortável em conversar com voces, pais, sobre a vida adolescente/adulta. De repente tudo vira tabu, tudo vira segredo, e pais e filhos praticamente passam a ter relaçoes exclusivas.
de repente o filho percebe que os pais sabem o que é o sexo, drogas, e essa nescessidade de se seguir um certo estilo para se enquadrar em algum lugar. esse estilo é o que define as suas companhias, os lugares a se frequentar, o tipo de musica..um verdadeiro way of life.
De repente esse filho cresce tanto, que vira adulto. E está condenado a fazer coisas parecidas com os seus pais. A ter trabalhos verdadeiramente remunerados, verdadeiramente frustrantes, cansativos, importantes, desinteressantes, interessantes, enfim.
De repente esse filho que não é nunca mais menino e sim um homem, e passa a querer fazer sua própria família interna, e estabilizar para si, e para os outros, no mundo.
E de repente ele vira pai.
Um pai, que tem um filho.
Todo pai é filho, e todo filho está condenado a ser pai.

Dizem que não se deve ter mais de uma mão mexendo na receita, que sai solado, que alguma coisa sai diferente. Mas somos milhares, com a mão na mesma massa, então não podemos nos surpreender com o resultado final. Com a tendência da mudança de sabor.

Feipa* - feio pacaralho

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Abram alas por favor!

Meu passatempo favorito é o de observar.
Observo atenta, do canteiro-banco na porta da faculdade, um mundo pré definido e subdividido em blocos de carnaval.
Outro dia ví passar o bloco "vem todomundo", formado por uma galera totalmente diversificada, justificando o sucesso na avenida. Do outro lado da rua, sentada num banquinho isolado, ví o bloco do " eu sozinho", que é sempre aquela menina tímida que compra o mate pro tempo passar mais rápido, ou o menino que fuma um cigarro pra parecer mais seguro..
Como em qualquer faculdade, nao poderia deixar de falar do bloco das calcinhas, que é a mulherada reunida, com assuntos feminnos, ou de decepção amorosa. Na ala da frente estão os cuecas..que elegem a mais gostosa do bloco das calcinhas.
Tem o "guenta coração" também. Esse é polémico!
Sempre envolve um fator principal, que ou é uma briga decisiva de casal, ou uma reconciliação faminta de desejo.
Lá no final da rua, é o pont dos "filhos de jáh", galera mais NATURAL, por assim dizer.
Quem se relaciona bem com eles, são o pessoal do bloco chinelão, que apesar do nome, nem sempre estão com os pés no chão. Muita imaginação rolando solta..é a galera do teatro.
Sempre pintando uma parede, estão os mano do DGC (do graffiti crew)
..outros tantos que existem!
Percorro meu por todos os grupos, tentando encontrar o meu. Mas fulano está lá, sicrano cá..quer saber?
Vou continuar no meu canteiro-banco da onde vejo a vida passar. Aqui vivo por mim e por mil.

Segredo!



Descobri todo um mundo que se exibe para mim, dentro desse mesmo em que se vive.

Onde cores tem cheiro de frutas e fumaças azuladas dançam no ar fazendo coreografias improvisadas.. outro dia ví um sabiá cantarolando marisa monte comigo.

Até uma pedra rolando ladeira do Jequitibá abaixo me fazia companhia na caminhada!

As pessoas as vezes pensam no mundo como um terreno a se construir uma casa para morar. Mas o mundo vive antes mesmo da gente fazer essa "simulaçao de vida" que é o ato de o habitar.

Sinto que as vezes sou pro mundo, ar. Que comigo ele pode respirar.

Já me confundi algumas vezes, inclusive, achando que eu o procurava.. mas tenho certeza absoluta que ele se mostra mesmo pra mim.

sábado, 15 de novembro de 2008

BOM DIA!


Os dias mais belos, são os que acordam por vontade própria.

São tão belos, que nao economizam, e iluminam o mundo com seu amarelo-ouro.

Adoro o bronzeado de um dia de auto-estima!

A casa

Porque é ela quem me abriga e me liberta de ser o que eu quiser.
Me aceita errada ou certa, e guarda meus segredos do corpo e da alma. Também é só um número numa rua de uma cidade qualquer, mas é meu útero em vida. Minha casa, entre tijolos e argamassa, é o eu concreto.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

maremoto.

mentiras pra suprir a falta de verdades.
mentiras pra enganar essa fome corrosiva de fatos.
preciso de concreto.
meu muro está frágil, minhas paredes estão soltas, meu teto de isopor nao aguenta mais o peso da água. vai furar, vai ceder.
Vou ficar presa no desabamento, e me desfazer, junto.
sou agua, que corre por entre os dedos. estou liquida, evaporando a cada dia que passa.
e só fica essa dor, que nao seca nunca.
mas que raiva de nao fluir. Estou presa na minha propria represa.
Hoje eu afundo com certeza.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Preguiça

As vezes meu corpo cansa de ver outros, de interagir.
Não tenho vontade de descobrir ou explorar. fica só uma carcaça vagando.
Mas as vezes escolho ficar assim, e me irrita quem pensa que não. Me irrita o outro.
Fui ao encontro de tantos outros corpos, numa quinta no BG, só para testar meus limites.
Até onde, um corpo cansado e ausente sustenta presença?

Eu, bem vinda.

Gosto de registrar no papel, meus pensamentos ocorridos.
Assim lhes dou a garantia de uma vida física. Assim lhes dou lugar concreto no mundo.
Assim tenho a certeza do que sinto.
E o que sinto, é o que sou; e o que somos na realidade, todo o tempo em que sentimos, tentativas.
De uma felicidade ou infelicidade, não importa.
O importante é não estabilizar, porque somos naturalmente incostantes.
Só nos resta então, aceitar a contradição que é, ser um humano.