domingo, 24 de janeiro de 2010

Aonde vivem os mostros.

Minha infância e todas as suas verdades foram desnudas em público. Todos os meus maiores anseios, muitos tão definitivos e outros tão secretos foram revelados numa grande sala de cinema ocupada inclusive, com pessoas que não estavam á altura de tamanho exclarecimento. Tem gente que simplesmente não merece receber um segredo tão íntimo. Mas na verdade não importa que o tenham recebido, porque sua percepção do mundo é tão rasa, que não vão nem saber o que fazer com esse presente entregue tão de graça, e tão rico.

Descobri que vivi de fato, a minha realidade abstrata. Que ela existiu, assim como a certeza que temos da coisa mais fatal. O filme e a vida, ensinam da mesma forma.

Através do fictício, aprendemos o caminho para as saídas do real, onde realmente não somos rei de nada e ninguém. Por isso a fantasia, a fuga para um mundo interior. É a busca por uma função a altura de nossa ambição. O de querer ser o deus do mundo, o criador e a criatura. Agora, o que já foi minha insanidade(minhas aventuras de infância) hoje se revelam meus passos naturais para o mundo. Eu não era insana, eu não vivia mentiras. Vivia verdades inventadas, adaptadas.

Criança é a liberdade concreta.

É o mais Próximo que podemos chegar de uma liberdade autêntica, que não tem sua essência sabotada pelo medo do ser humano em ser humano.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A caminhada.

Tem gente que passa a maior parte da vida revendo as decisões do passado, como se pudessem mudar seu futuro.
É preciso parar de voltar no tempo, porque cada busca no que já ficou, é uma oportunidade perdida de perceber o que vem na frente. Assim a vida que deveria ser percebida longa, passa rápido. Cada vida nossa é eterna, em seu contexto. Pensar nas vidas passadas é desperdiçar a única que se tem consciência viva e ativa.
Quero viver essa minha vida, com o máximo que eu for capaz de prover para ela. E olha que eu já perdi um bom tempo. E viver não é necessariamente se arriscar, mas construir um caminho emocional e concreto a se chegar em algo em que se acredita e descubra um valor.
Um projeto improvisado, montado as poucos, como o passar das pernas.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010


De volta á labuta!

Tantas providências antigas, e tantas novas que se aproximam.
Já viraram pendências, e eu já estou na dívida. Atrasada, para o ano que mal chegou. 
O reveillon é uma varsa, o ano nunca termina. O que chega é a extensão do que termina, e não há férias, só a ilusão de merecê-las.
Eu caí na farsa, acreditei nos dias de folga, e não sei como voltar para a realidade que nunca deixou de estar.
Acreditar que terminamos de cumprir com todas as nossas obrigações?  Nós estamos em eterna dívida, porque o homem é fraco demais para viver sem rotina, ele não aguenta realizar o tamanho de sua insignificância. Para isso cria suas rotinas, para acreditar que tem alguma função no mundo. Talvez até tenha, mas ainda assim pequena para toda a sua ambição.
Nós devemos, antes de para com os outros, com a gente. Eu não mereço essa passagem, esse tempo livre.
Quase acreditei nele, quase nadei ás braçadas na mentira. Agora preciso sair da piscina, desse falso útero confortável que não passa de uma caixa aberta com água e fluor.  É preciso pisar novamente no chão quente de terra, e voltar ao trabalho de dar sentido a minha vida.