quinta-feira, 15 de abril de 2010

Tic –Tac.

Já no final de mais um dia frustrante na minha vida, no momento de me entregar para o delírio salvador do sono, percebi que viveria mais uma noite dilacerante de insônia.

O passar dos ponteiros do meu relógio de parede, apressados, cortantes, no meio daquela noite incrivelmente morta e silenciosa, era como uma tortura infinita e apressada. Tinha a impressão de que só havia aquele ruído ensurdecedor em todo o mundo. Tentava distrair minha audição, me concentrando em outros ruídos tímidos, que só surgiam com muita concentração. Eram abafados e não representavam tamanha ameaça como os soluços contínuos dos ponteiros.

De fato, sempre estive atrasada na vida. Para ir no cinema, para passar no colégio, para superar os medos. Mas esse ano em especial, o tempo me tem sido mais fatal. Foi quando, num estalo repentino de uma idéia brilhante, tirei as pilhas do maldito cuco de parede, e pousei aliviada, minha cabeça sob a fronha fresca, recém trocada.

Mas uma outra batida contínua surgiu das entranhas do meu travesseiro. Pensei ser um vestígio do barulho já acostumado, mas ele crescia a medida em que eu pensa. Então, finalmente indiferente, percebi que meu coração ansioso pulsaria por mais uma longa noite de segunda feira.