segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Merthiolate.


Ontem fui tentar montar numa bicicleta torta com o banco altíssimo, e antes mesmo de sair do lugar, levei o tombo mais lindo da história.
Hoje eu percebi que sentia falta dessa sensação de estar com o joelho ralado.
O que já me foi uma dor na infância, hoje me tem gosto de saudade. Saudade dessa ardência de quem faz arte e se arrisca com a maior ingenuidade possível. Saudade de não ter noção de espaço, e nem vergonha de usar band aid nos locais mais visíveis do corpo. Cada arranhão era uma prova física de uma descoberta da vida, e a cada descoberta realizada, me distanciava sem saber, da minha infância.
Hoje me lembrei da criança que já fui um dia, e hoje o merthiolate mudou de fórmula.
Arde muito menos, infelizmente.

domingo, 30 de agosto de 2009

Domingueira!


Esse domingo levantou com gostinho de delícia!
Solzinho com o vento mais refrescante da vida, céu azul piscina com três nuvens tímidas no horizonte.
Dia de andar de bicicleta na lagoa, e beber uma água de côco direto do casco, nada de garrafinha industrializada do Zona Sul.



domingo, 23 de agosto de 2009

VERGONHA.

MEU DEUS.
Dado Dolabella foi o vencedor do reality show A Fazenda e ganhou um milhão de reais. 
Agora é oficial: não duvido de mais nada que envolva meu país.
Alou, Sarney, ele também é parente teu?

Quanta vergonha.

sábado, 22 de agosto de 2009

Adoção.

Ela estava sentindo um vazio espaçoso, que inundava seu corpo. Junto dele, vinha uma dor rígida como um tumor localizado na alma. 
Ela parou de reagir. Ficou morta por um tempo, e só no colo de sua mãe, encontrava uma posição confortável para viver. 
Mas ela não vivia, e sobrevivia com enorme dificuldade. Era tanto contraste com os tempos de infância, meu deus! 
Quando ela sentia uma mínima preguiça de viver, ia ao encontro da mãe, e como o alçar vôo delicado de um inseto, sentia qualquer angústia fugida pra longe daquele encontro. Mas hoje não. Hoje nem o útero externo de sua mãe, aquele colo quente e receptivo conseguia isolar a moça sofrida de suas dores.
Tudo passou a se tornar insuportável. 
A vida vista da janela de casa lhe era fatal. O telefone tocando, mostrando a ela que pessoas se procuravam naquele momento, o cachorro latindo para qualquer movimento no corredor do prédio, e o próprio prédio em sí! Como a irritava! Era um objeto imóvel, feito de concreto e vigas, que tinha mais vida que ela; e sua mãe, coitada. Tudo que ela fazia soava como farpas no ouvido. Foi quando A recém mulher percebeu que culpava sua mãe por tudo. Porque foi ela quem permitiu e desejou seu nascimento no mundo, a parindo. Com essa autorização, a posicionou nesse lugar em que ela se encontrava. Sua própria mãe a traiu. Dava na infância uma vida dirigida, então enganosa para a filha. E agora a colocava no meio da savana da vida, correndo todos os riscos de um pequeno animal indefeso. 
– Solta minha mão de mãe, e vá com o alçar do inseto, minha filha querida. Você agora vai ser parto do mundo. Ele é tua verdadeira mãe.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Folha nova.

Hoje a tarde, andando pelas ruas do Jardim Botânico, percebi uma cidade em transição.
Ví pequenos tornados de folhas secas, que avisavam da mudança de estação.
O vento vinha forte na direção de tudo. Varria para todos os lados, os resquícios de uma vida passada. As árvores que ainda carregam algumas poucas folhas amareladas, estarão nuas pela manhã, toda esquelética, aguardando um novo nascimento de sí.
Cobras devem estar trocando de pele nesse exato momento, e ursos saindo do período de hibernação.
Enquanto isso fico aqui, ansiosa, aguardando e procurando minha evolução.
Porque o mundo não pára nem espera, e ele já está!

sábado, 8 de agosto de 2009

Introspectiva.

Hoje me deu vontade de não ter nada a dizer, sem precisar opinar ou defender.
Vontade de só estar, sem tentar  ser.
Preguiça de interagir. 
Vou ficar de espectadora, e assistir. 
Quero ficar de fora, me excluir.
Criar meu próprio castigo, me punir.

amanhã volto a me incluir, mas hoje a noite, deixe o meu ruir.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Cidade noturna.



recorta, cola, erra, descola, recola, olha, entende, para.