terça-feira, 27 de outubro de 2009
Acasomomentanismo.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Abstraindo a vontade.
No cair daquela noite de feriado, forcei uma tentativa de sair com meus amigos.
Estava cansada, exausta, com preguiça da rotina jovem do rio. E fui mesmo assim, contra meu instinto físico.
Ficamos na fila durante duas horas. Faltava pouco mais de meia hora para conseguirmos entrar na boate, quando tive vergonha do meu desejo de desisitir tão perto da porta. Eu sabia que o momento de abandonar a fila tinha ficado para trás. E nos mantivemos ali, naquele monobloco de gente, aguardando uma autorização para abstrair da vida. Finalmente entrei na boate, mas deixei toda a minha vontade do lado de fora. Estava num circo de horror, numa casa de espelhos distorcidos, porque para cada lugar que eu olhava, via os mesmos reflexos. Havia tanta gente parecida com suas camisetas xadrez, seus drinks coloridos, suas expressões sínicas nos olhos, forçando uma falsa bebedeira e nos seus dialetos da moda.
Vi mulheres tão vulgares, desesperadas para esquecerem de sí. Esqueceram também da graça de se ser mulher.
Percebi nos olhos dos homens, um desejo físico de encontrar a mulher mais fora de si para abordar. Como um homem pode desejar uma mulher assim? Quem esta inconsciente de si, está inconsciente de tudo. Qual a graça de só entrar? De não conquistar?
Se passaram 10 minutos, e decidi pagar para evitar a fila da saída. Percebi então que estava fazendo estudo de campo. As pessoas se tornaram animais a serem estudados em seu habitat natural de libido. Comecei a me divertir.
Reparei bem no jogo de sedução entre um fêmea de um bando, e um macho de outro. Ela fez o primeiro sinal, com muita discrição. Era o inicio de um ritual sexual. Olhava fixo para o macho, e se remexia como se ele já a estivesse tocando. Ele começou a se aproximar, lentamente. E quando foi dar o bote e abordar a jovem fêmea, levou um fora humilhante, de um tamanho que não lhe cabia. A fêmea saiu as gargalhadas, como o riso debochado de uma hiena abraçada nas amiguinhas do bando.
Percebi que as coisas estavam fora do lugar. Eu estava fora do lugar, e desejei ser tirada dali, mas por algum motivo, me senti fixada no chão, como se tivesse a obrigação de fazer parte daquilo. Não fiz.
O que fiz foi tentar me projetar em qualquer outro lugar, e fechei os olhos com força para dançar. Mas num feixe de luz forte, não resisti a curiosidade e abri, e vi a realidade da minha noite. Não quis me despedir de ninguém. Fui embora aliviada, por encontrar a minha vontade me esperando do lado de fora.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Sustento.
Existe uma diferença sutil entre o que é desejo nosso e o que é desejo imposto de quem nos quer bem.
Assim como a farsa de um fumante. Ele não percebe mais o que é desejo próprio e o que é necessidade imposta pela nicotina.
É preciso perceber e sustentar as vezes, que o que se quer não é o que outros esperam que a gente queira.